quarta-feira, 4 de julho de 2018

"Mimimi" de gente negra!

Vamos falar um pouco de escravidão, racismo e História, ao contrário do que muita gente pensa não foram os Europeus que inventaram a escravidão, ela já é conhecida há vários séculos pelos povos africanos, porém não se engane, os europeus foram  mais cruéis que o próprio processo de escravidão, existe todo um contexto que será brevemente explicado no decorrer do texto.
Sobre a África, para aqueles que ainda se referem a África como um país , leiam um pouco mais, África é um *Continente*, um imenso continente  com uma variedade de culturas, povos e costumes. A visão ocidental que por tempos foi difundida é que a os africanos são meramente identificados por razões fisiológicas, ou seja, na África só tem negros, e a esses povos são atribuidos espectros de significados como por exemplo : Negro, Frouxo, Indolente, incapaz, fedido , entre outros, tudo isso convergindo para uma imagem de inferioridade, tudo por que a comparação entre padrões políticos, culturais e de sociedade são distintos dos aceitáveis pelos europeus.
Portanto,  a falta de compreensão sobre essas sociedades Africanas perpetuou a ideia de que a África, segundo a escala evolutiva seja considerada inferior, sendo seus povos rasamente divididos entre Primitivos e Civilizados (segundo os costumes europeus), mas de qual África estamos falando ?
A África mais “branca” próxima a características ocidentais?
Ou aquela mais próxima do mediterrâneo?
Ou a África Negra abaixo do Saara ?
A maioria das pessoas acredita na existência de uma África apenas, desconhecem  suas constituições, organizações políticas , culturais e sociais.
O sistema classificatório descrito no livro (Systema Naturae, Charles Linné) classifica o homo Sapiens em 5 variedades, vou citar duas para mostrar a visão ocidental sobre a África.
Europeu: Claro, sanguíneo, musculoso, cabelo louro, castanho, ondulado, olhos azuis, delicado, perspicaz, inventivo, coberto por vestes justas. Governado por Leis.
Africano: Negro, fleumático, relaxado, cabelos negros, crespos, pele acetina, nariz achatado, lábios túmidos, engenhoso, indolente, negligente, unta-se com gordura.Governado pelo capricho.
Notamos aí a visão Européia , lembrando a vocês caros leitores que esse sistema classificatório integrou o discurso político Europeu, esse foi justificado para toda a barbárie, tanto no tráfico atlântico de escravos, como nos genocídios na África praticados pelos Bôeres.
Apesar da escravidão não ser produção dos Europeus ou “brancos”, para os africanos a escravidão havia um sentido, as guerras tinham início e fim pré-determinados, as motivações eram suas crenças, a escravidão era temporária, os filhos dos escravos nasciam livres, as mulheres não eram humilhadas e todos poderiam manter sua fé, seriam 500 páginas escritas para contar sobre a África, para você que considera a África um país.
Apesar da escravidão, não havia Racismo, não havia preconceito, nem prioridades, posições , superioridade, inferioridades por cor de pele, isso foi implantando pelos europeus e a partir daí até os dias de hoje(Como nos mostra esses YouTubers “Formadores de Opnião”; Cocielo,o caso mais recente e explícito)iniciou-se essa cultura de que Negro correndo é bandido, e branco correndo é esporte, criança negra quando morre transportava drogas, criança branca quando morre é vitima, mulher negra estuprada merece por que procurou, usou roupa curta, se expos, sorriu demais ou estava no lugar errado,na festa errada, a mulher branca é vitima, todos nesse contexto são vitimas, mas somente alguns são reconhecidos como tal pois outros são historicamente inferiorizados e qualquer tentativa de luta é logo associado ao “mimimi”.
Não vou comentar muito sobre nossos youTubers  influenciadores de crianças que é extremamente racista em seus comentários, mas o  pior não é isso, o pior é que são crianças que o seguem, colocando ou potencializando pensamentos racistas e preconceituosos,  como se na posição dele ele soubesse o que é sofrer racismo ou qualquer tipo de preconceito, algo que é historicamente pregado em nossa cor,lábios,cabelo, tenta ser  justificado o entendimento por parte dos “tradicionais”  muitas vezes por que um deles foi mal atendido em uma lanchonete por um negro que estava num dia ruim,  ou somente foi mal educado, como se 1(UM) episódio na vida fosse capaz de  fazer ele sentir o que uma história de abusos e violências proporcionou a nós de pele escura.
O racismo é muitas vezes involuntário, porém expressa essa cultura que está impregnada em nossa sociedade, vamos começar de pouco, vamos cuidar o que nossos filhos estão assistindo, vamos corrigir aquele amigo que usa de “brincadeira” termos racistas, não existe brincadeira quando se inferioriza- o outro, quando você joga com minorias que historicamente são massacradas por suas posições, para isso veja esses termos que são usados por muitos de nós sem sabermos se quer o sentido, vamos rever isso, vamos começar a mudança de pouco, mas não vamos mais aceitar esse comportamento de amigos, família ou figuras públicas .

*"Cor de pele”
Aprende-se desde criança que “cor de pele” é aquele lápis meio rosado, meio bege. Mas é evidente que o tom não representa a pele de todas as pessoas, principalmente em um país como o Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, realizada pelo IBGE, 53% dos brasileiros se declararam pardos ou negros.

*“Doméstica”
Negros eram tratados como animais rebeldes e que precisavam de “corretivos”, para serem “domesticados”.

*“Estampa étnica”
Estampa parece ser, no mundo da moda, apenas aquela criada pelo olhar eurocêntrico.
 Quando o desenho vem da África ou de outra parte do mundo considerada “exótica” segundo essa visão, torna-se “étnica”.

*"A dar com pau”
Expressão originada nos navios negreiros. Muitos dos capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greve de fome na travessia entre o continente africano e o Brasil.
Para obrigá-los a se alimentar, um “pau de comer” foi criado para jogar angu, sopa e outras comidas pela boca.

 *“Mulata”
Na língua espanhola, referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua.
A enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.

São  séculos de conceitos  e pré  conceitos definidos apenas por uma visão. E que colocam todos os cidadãos de um Continente dentro de certos padrões e papéis pré estabelecidos. Portanto,não  é, e nunca vai ser apenas uma piada. Ela sempre virá carregada do contexto histórico de submissão, escravidão  e lutas de todo um povo.
E sinceramente , isso não  tem nenhum humor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Mimimi" de gente negra!

Vamos falar um pouco de escravidão, racismo e História, ao contrário do que muita gente pensa não foram os Europeus que inventaram a escra...